Data: 14/03/2024

De: Harry Stamper

Assunto: Cirurgia da miopia e suicidio

No ano de 2010, cometi o maior erro da minha vida. Eu era um cara perfeito. Apenas tinha miopia. Usava óculos desde criança e c0mo fazia acompanhamento com meu oftalmo à mais de 10 anos resolvi fazer a maldita e assassina correção refrativa a laser chamada LASIK. O laser molda a córnea para que corrija os graus da miopia. Pois bem, 1 em cada 30 mil cirurgias ocorre uma fatalidade gravíssima e incorrigível chamada ectasia. Muito semelhante à uma doença chamada ceratocone. As córneas perdem a estabilidade e suas fibras se destroem. Provavelmente sou o único portador que desenvolveu essa maldição logo assim que saí do centro médico no mesmo dia da cirurgia. Dentro do Brasil tenho certeza que sou. De cara, comprometi 90% da visão do olho direito, porém, a do olho esquerdo ficou razoavelmente boa na época. Fui levando a vida, com remédios antidepressivos e psicólogos, porem, os anos passaram e agora a doença atingiu o outro olho tb. Não saio de casa após as 17h. A dor e o desespero aparece qdo me dou conta que jamais na minha existência eu terei prazer em abrir os olhos pela manhã. Sempre com desconforto e sensação de perda de profundidade, afinal, cada olho vê o mundo com erros diferentes. O cérebro nao consegue adaptar nem organizar as imagens. Não frequento restaurantes, shopping, cinemas, não vou à casa de amigos nem assisto mais TV. Só consigo ficar em ambientes com muita luz. As córneas deformadas não aceitam lentes de contato e nada pode ser feito. A solução seria se matar, mas como ainda tenho mãe, pai e noiva, to me segurando. O desespero é agonizante, de saber que destruí minha vida em 10 minutos de um procedimento totalmente desnecessário. O ódio que carrego desse médico desgraçado que não me alertou dos riscos é eterno. À noite, as luzes explodem em meu cérebro. Qualquer luzinha de celular ou do microondas me dá ataque de pânico. Se sair na rua acho que fico louco e me mato ali mesmo. Amava a noite. Amava dirigir. Ir ao cinema 10 da noite e chegar em casa 2 da manha dirigindo. Perdi tudo. Minha carreira, minha saúde, minha paz mental, minha felicidade. Não há esperança. Vivo vegetando uma subvida com agonia desde o primeiro segundo que acordo até o último antes de dormir. Ao procurar ajuda na internet de quem passa por isso me deparei com o pior cenário possível: um monte de relatos de suicídios. Cartas de despedida e desespero. Familiares chorando a morte de quem passou por isso. Quase me internei numa clínica psiquiátrica para não me arruinar de vez. Resisti pois seria o fim da minha pobre mãe, que teve a vida tb destruída ao me ver definhar em pé todo santo dia. Um homem com um futuro promissor, hoje se contentando em ficar deitado no celular vendo a vida passar. A maldade e ganância humana é assustadora. A indústria oftalmológica destruiu muitas vidas, incluindo a minha.

Novo comentário